quinta-feira, 28 de julho de 2011

Gothia Cup 2011

A odisseia chegou ao fim! A nossa participação na 36ª edição da Gothia Cup foi um sucesso. Em principio, o nosso amigo Arnaldo Abreu irá publicar, aqui no blog, crónicas sobre o nosso dia a dia em Gotemburgo. Entretanto, resolvi escrever estas linhas e tentar fazer um breve resumo do que aconteceu por terras da Escandinávia.

Tivemos uma partida como não desejo a ninguém! Depois de termos tudo tratado e pago com vários meses de antecedência, sou confrontado, a menos de 24 horas do embarque que os nossos vôos tinham sido alterado. O grupo estava dividido em três, com atletas a irem em horários diferentes e separados do grupo. Não dá para imaginarem o transtorno e agitação que isso provocou no grupo. Estava a começar muito mal mesmo!

No entanto, perto das 17 horas todos estávamos juntos e em Gotemburgo. Chegámos à escola que nos estava destinada e fizemos o controle de idade e o check-in, tudo de acordo com o esperado. Jantamos e fomos dar um passeio para descontrair até ao Liseberg Park. Regressamos e fomos descansar pois no dia seguinte tínhamos o primeiro jogo e a cerimónia de abertura.

Os pais foram para os Hoteis respectivos já como os seus Gothia Cards de forma poderem utilizar desde logo os benefícios do cartão.


Durante a manhã fizemos o nosso primeio jogo contra uma equipa Norueguesa, que liderava o seu campeonato regional. Foi um jogo dificil, pois o adversário tinha qualidade e a relva estava muito alta e dificultava a nossa circulação de bola. No entanto o domínio do jogo foi inteiramente nosso. O empate foi um mal menor.
No final da tarde tínhamos a Cerimónia de Abertura, um dos momentos altos da Gothia Cup, um estádio com 52.000 pessoas e transmissão para toda a Escandinávia. Como podem observar, aos nossos meninos não faltava companhia!




Já dentro do estádio com a nossa bandeira. Momento de grandes emoções por parte de todos os que faziam parte da comitiva, quer daqueles que assistiam nas bancadas.





















O fogo de artificio final




No segundo dia, jogamos contra uma equipa sueca e vencemos com facilidade por 3-0, nesse dia à noite era a festa dos líderes. Um espectáculo extraordinário que durou mais de cinco horas onde a animação e boa disposição imperaram.









No terceiro dia tínhamos o último jogo da fase de grupos, de manhã, e à tarde o primeiro jogos dos 1/64 de final. No jogo de manhã vencemos por 3-0 e ficámos em primeiro lugar do grupo com os mesmo pontos da equipa norueguesa, mas com vantagem na diferença de golos marcados e sofridos. O primeiro jogos dos Play-Off foi muito fácil e vencemos uma equipa sueca por 7-1, chegávamos aos 1/32 final que se disputavam bem cedo a alguns quilómetros de distância da escola onde estávamos alojados.

Como prémio, e de acordo com o estabelecido os nossos Lobatos foram confraternizar para o Gothia Disco Clube, durante duas horas e meia, das 20 às 22:30 de forma a poderem desanuviar do stress e ansiedade que a competição provoca.


Chegámos ao local do jogo dos 1/32 e íamos pela primeira vez jogar num campo sintético, o que para nós seria vantajoso, a relva natural por aqui é muito alta e dificulta a circulação de bola. Fizemos um grande jogo contra uma equipa sueca liderada por emigrantes chilenos e composta por vários meninos hispânicos. Dominámos todo o jogo e o resultado de um zero é enganador, pois poderíamos ter dados cinco ou seis, mas começamos a ver as primeiras arbitragens muito más.

O objectivo estava alcançado chegar aos 1/16 de final numa competição com 193 equipas de 26 países era excelente. Sabíamos que ao vencer teríamos jogos perto das 16 horas. O jogo dos 1/16 de final era contra uma equipa francesa que tinha no seu palmarés vários triunfos na Gothia Cup, na presente edição conquistou o 1º lugar em Sub-13. Iniciámos o jogo de forma muito deficiente e ao intervalo estávamos a perder por 2-0. A equipa estava abatida e parecia não acreditar. No entanto, com bastante motivação à mistura e algumas alterações tácticas fomos em busca de outro resultado e conseguimos empatar o jogo e levar a sua decisão para as grandes penalidades. Tínhamos dado a volta e agora eram os franceses que estavam em baixo emocionalmente. Após nove grandes penalidades marcadas os franceses tinham falhado uma e os Lobatos convertido todas. Tiago Lopes tinha nos pés a possibilidade de nos colocar nos oitavos de final. Assim aconteceu tínhamos vencido um jogo, que ao intervalo parecia decidido a favor dos franceses.
Sequência de fotos e montagem feita pelo nosso amigo Pedro Sousa após a conversão da grande penalidade que nos colocava nos oitavos de final.


Íamos para o terceiro jogo do dia, 21 horas, num local algo distante, contra uma equipa da Indonésia, que viemos a saber á posterior que se tratava de uma selecção Sub-14 daquele país. Tinha feito o meu trabalho e verifiquei que o nosso adversário tinha ganho todos os jogos efectuados, no entanto, o que mais espantava eram os resultados obtidos, 30 golos marcados e nenhum sofrido em 5 jogos! Assim que observei o aquecimento verifiquei que estávamos perante uma grande equipa. Delineie uma estratégia de forma a não lhes dar muito espaço. Assim que o jogo começou foi impressionante, a velocidade, a força, as movimentações, enfim, nunca tinha visto nada assim! No entanto, o jogo não passava para a nossa área e os cinquenta minutos passaram com apenas uma ocasião de golo para a equipa Indonésia.

Tínhamos dado uma lição de bem defender. Jogávamos novamente a lotaria das grandes penalidades. Após 10 penaltis batidos ninguém tinha falhado. Disse ao Peixe, que ele teria que defender o remato do jogador indonésio e que seria ele a bater e marcar o golo da vitória. Parecia tratar-se de uma premonição! Aconteceu o impensável, a fortíssima selecção da Indonésia estava eliminada. Se tivéssemos ficado por aqui caiamos aos pés de uma grande equipa. Trabalhámos para que isso não acontecesse e fomos bafejados pela sorte das grandes penalidades. Estávamos nos 1/4 de Final!!!
Os momentos que se viveram a seguir são indescritíveis. Uma alegria imensa uma emoção muito grande e uma certeza, estávamos entre as 8 oito melhores equipas da Gothia Cup, num total de 193!

Chegados à escola, soubemos que o nosso adversário seria a equipa chinesa que tinha eliminado uma das equipas brasileiras em prova. Iríamos jogar no Heden, o coração da Gothia, com muita assistência, era o nosso prémio, os jogos do Heden eram transmitidos na TV, era onde tudo acontecia.


Chegámos cedo e a pé pois a nossa escola estava a uns escassos 400 metros do Heden Center. Observei a equipa chinesa e ela era muito alta e muito forte fisicamente, ao nosso lado tínhamos a equipa brasileira que tinha sido eliminada na véspera e confidenciava-me o treinador que eles "batiam muito forte". Assim que se iniciou o jogo os nossos atletas constaram isso mesmo, os chineses entravam com tudo perante a complacência da equipa de arbitragem. No entanto, trocávamos a bola como também sabemos fazer e os chineses não criavam qualquer perigo. Num pontapé de canto, o Miguel Freches abre o marcador, era a festa completa. Chegávamos ao intervalo em vantagem, estávamos a 25 minutos das meias finais. No entanto, o segundo tempo trouxe-nos a disilusão, e em dois lance de infortúnio para o Peixe, que tinha sido o herói na noite anterior, os chineses chegavam à vantagem, apesar de estarem reduzidos a 9 por duas expulsões, consequências de agressões sem bola ao Gonçalo Lopes e ao Tiago Lopes. Nove pensávamos nós, pois o treinador chinês tinha colocado mais um jogador em campo, e na obtenção do segundo golo chinês estavam 10 jogadores em campo. Chamei a atenção da equipa de arbitragem e como prémio fui expulso.

Momento em que se constata que a equipa chinesa estava com mais um jogador em campo



Gerou-se uma grande confusão que apenas beneficiava a equipa chinesa pois o árbitro tinha validado o golo deles. Após intervenção da organização o jogo foi reatado, com a certeza que iríamos protestar o jogo no final.

Faltavam 3 minutos, não havia muito para fazer, mas mandei encostar o Gonçalo Santos ao Tiago Lopes na área e subi o Gonçalo Lopes para terceiro avançado, e pedi para bombear bolas para a área na tentativa de ganharmos a segunda bola na entrada da área, acabou por acontecer, e num desses ressaltos o Miguel Torres remata e o defesa em cima da linha de golo mete a mão à bola.

Grande penalidade!

Muito nervos, o jogo estava a acabar, precisávamos de marcar para empatar. Tiago Lopes pega na bola e bate certeiro. Festa enorme, mas faltavam as grandes penalidades, a confiança era enorme e o sentimento de injustiça também. Os chineses falharam a segunda e terceira tentativas e nós convertemos todos, ao quarto pontapé da marca de grande penalidade, se convertesse.mos estávamos nas meias finais, Tiago Lopes que havia marcado no final do jogo, bate certeiro para o lado contrário e vencíamos com toda a justiça.



Momento de festa após a vitória, mais do que justa, sobre a equipa chinesa


Os Lobatos Foot iam jogar a meia final contra a fortíssima equipa sueca que tinha eliminado o Botafogo do Brasil.

A meia final era jogada ao final da tarde, tínhamos apenas algumas horas de descanso para defrontar a equipa sueca.

Equipa muito forte fisicamente, mas jogava de forma leal, o jogo foi dirigido por uma excelente equipa de arbitragem. Vencemos por 3-0 com golos de Gonçalo Santos (grande penalidade), Miguel Freches, na sequência de um pontapé de canto e por Filipe Miranda após uma das mais bonitas jogadas que fizemos em todo o torneio. Chegávamos à final! Era um sonho, foi uma festa imensa, jogar no Heden 4 com mais de 4000 espectadores, com muito portugueses a apoiarem-nos foi algo fabuloso.





Momentos de grande festa, não houve ninguém que ficasse indiferente. Tínhamos alcançado algo que antes da competição seria difícil de imaginar. Mais, éramos a primeira equipa escolar que atingia uma final em 36ª edições da Gothia Cup - Lobatos Foot, da Escola Pedro Eanes Lobato, Amora, Portugal faziam história!


O grande dia chegava, no final do último jogo, tinha sido dado um manual de procedimentos para Final. Tudo ao pormenor! Chegados ao estádio, cerca de 20.000 pessoas assistiam a uma das finais femininas, o balneário era enorme, tudo em grande. O jogo ia ser transmitido em directo. O nosso adversário era o detentor do título da Gothia Cup 2010, ia defender o seu título. Para além do mais, é o actual campeão mexicano de Sub-15. Seria o David contra Golias. Perdemos 4-0 com os dois últimos golos a serem obtidos nos qutro minutos finais, o Chivas de Guadalajara era uma equipa extraordinária, muito forte fisicamente e com uma técnica individual muito apurada. Neste jogo, o nosso sector, que habitalamte era o mais forte, o meio campo, esteve abaixo das suas potencialidades, normal, temos que saber entender quando somos mais fracos que o nosso adversário. Foi uma final, num grande palco, com honras e cerimonial digno de um campeonato da Europa ou do Mundo. Para alguns será a única vez que irão ouvir o hino nacional como protagonistas principais, para outros, oxalá, seja a primeira de muitas. No entanto, este momento ficará para sempre marcado nas memórias de todos os 18 Lobatos que participaram na Gothia Cup e jogaram a Final.






O sonho tornava-se realidade!












No domingo fomos passar o dia ao Liseberg Park e foi espectacular, em ambiente de grande descontracção passou-se o nosso último dia em Gotemburgo entre montanhas russas e atracções várias.



Chegávamos a segunda-feira e regressávamos a Portugal, regressávamos como tínhamos partido, o nosso voo que inicialmente era às 11:20 tinha sido alterado, em Portugal, pela agência que tratou de tudo, e os nosso atletas partiam, 13 às 6:55 e os restantes 5 às 11:20, enfim, mais uma trapalhada das grandes sem que nós tivéssemos qualquer responsabilidade.























À chegada eram muitos os familiares e amigos que nos aguardavam, espera digna de um feito enorme conquistado pelos Lobatos Foot, representando Portugal.

Uma palavra de apreço para o Orlando Oliveira pelo seu trabalho de recuperação de atletas, ao José Freches, ao Arnaldo Abreu e José Carvalho, pelo apoio logístico que deram neste dias. Ainda, uma palavra, para o Luís Marques, que a partir dos 1/32 de final colaborava no aquecimento da equipa. A todos o meu obrigado.

Por último, aqueles que foram incansáveis no apoio à equipa e que connosco partilhavam lágrimas e alegrias nos nossos sucessos.


Amândio, Sandra, Fábio, José Lopes, Luísa, Andreia, Luís Marques, Zézinha, Rita, Pedro Sousa, Carlos Cardoso, Isabel, Eduardo e Dora. A este grupo juntaram-se alguns emigrantes portugueses e meninas suecas que nos acompanhavam para todo o lado!


Para a posteridade aqui fica a foto de família!


Sentados da esquerda para a direita: Hugo Oliveira, Gonçalo Teixeira, Guilherme Cardoso, Leandro Sousa, Pedro Soares, Alexandre Peixe e Miguel Mestre.
Segunda fila pela mesma ordem: José Carvalho, Filipe Miranda, Ricardo Marques, Eduardo Costa, Armando Lopes, Miguel Torres, Ricardo Carvalho, Gonçalo Rufio e José Freches.
Terceira fila pela mesma ordem: Orlando Oliveira, Gonçalo Lopes, Tiago Marques, Tiago Lopes. Gonçalo Santos, Miguel Freches, Gonçalo Abreu e Arnaldo Abreu.


5 comentários:

  1. Há momentos que guardamos para toda a vida. Estes foram momentos de grande felicidade e de uma emoção tão forte que não é fácil descrevê-los. Estou a aproveitar os poucos dias de férias que me restam e por esse motivo ainda não dei o meu contributo sobre os dias passados em Gotemburgo. Mas esta crónica retrata em pleno o que vivemos. Excelente. Abraço.

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  2. Muitos Parabéns a todos os intervenientes, tive muita pena de não terem conseguido ganhar o torneio.

    Conheci o amigo Armando Lopes, ocasionalmente, há muito pouco tempo que me inteirou do projeto dos Lobatos Foot, sendo que, desde logo fiquei fã ... :-)

    Fui acompanhando com emoção todo o torneio via Facebook como se conhecesse os Lobatos desde sempre ...

    Parabéns pelo resultado na competição e, isso sim é o mais importante, pelo projeto.

    1 abraço para todos,
    Nuno Almeida

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  3. Obrigado amigo Nuno e felicidades para a próxima época desportiva!

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  4. Muitos parabéns pelo resultado obtido e espero que tenham aprendido bastante com esta grande experiência na Suécia!
    Continuem o bom trabalho que tem vindo a ser desenvolvido!

    Abraço

    André Henriques

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  5. Obrigado amigo André! Felicidades para tua carreira!

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